Os fãs de Chaves sempre falaram muito sobre os “episódios perdidos”, e há quem diga que é apenas uma lenda, mas, de fato, eles existem.

Podemos definir como “perdido” qualquer episódio que tenha deixado de ser transmitido junto dos demais ao longo do tempo, engavetado em momentos incertos e por diferentes motivos pela distribuidora da obra.

Dos 312 episódios de Chaves, 39 são considerados perdidos em todo o mundo (enquanto Chapolin conta com 41 episódios perdidos, dos 291 produzidos). Muitos deles contam apenas com suas respectivas sinopses da exibição original, publicadas semanalmente nas revistas Tele Guia, como um episódio onde se diz que há goteiras na casa do Seu Madruga, assimilado pelo público como uma versão anterior da história onde há goteiras na casa de Dona Florinda.

Há, porém, episódios que ganharam sobrevida, com registros completos! É o caso de Como pegar o touro à unha (1973), transmitido pela última vez em 1988, no Brasil, totalmente sem registro de exibições no México ou de seu áudio no idioma original. No Brasil, o caso se repete com episódios comumente exibidos por aqui, mas sem registro de reprises em nenhum outro lugar do mundo, como vemos em Errar é humano (1978), Muitas marteladas! – Parte 2 (1974) e até mesmo Um festival de vizinhos (1976), segunda parte do famoso Festival da Boa Vizinhança que, em seu país de origem, simplesmente “sumiu”.

Outros episódios — que nem sequer estrearam por aqui — também foram engavetados. É o caso da primeira parte de Um astro cai na vila (1979), com participação de Héctor Bonilla. Seu único registro, além de uma sinopse que confirma a exibição original, é uma gravação dos anos 1990 do canal Telemundo, de Porto Rico, disponibilizada por um fã em 2011. Mais recentemente, em 2023, o episódio As trapaças da Chiquinha (1978), também inédito no Brasil, foi resgatado de uma gravação caseira de meados de 1993, exibido pelo canal América Televisión, do Peru.

Fato é que, por mais que alguns desses episódios tenham pequenos problemas técnicos, há a possibilidade de restauração e remasterização, graças à tecnologia, restando apenas esperarmos pelo futuro que aguarda a memória audiovisual do “programa humorístico nº 1 da televisão”.